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sábado, 11 de outubro de 2014

A concentração bancária nasce da perversão da confiança

1) Quando você serve à confiança de quem deposita o dinheiro no seu banco, você está chamando a responsabilidade para si de garantir a segurança do dinheiro, dado que guardar e transportar riquezas é uma atividade de altíssimo risco e isso facilita a atividade criminosa, dado que a ocasião faz o ladrão.

2) Se você age como agente de confiança dos seus amigos que viajam, guardando os dólares de viagem que sobraram, você age com nobreza. E é da nobreza sistemática, que decorre do fato de se guardar em confiança o dinheiro, que surge a arriscada atividade financiar os projetos de outras pessoas, através da concessão empréstimos, de tal modo a fomentar uma atividade econômica.

3) O risco é mitigado se o tomador do empréstimo é teu conhecido e se você é confiável, no trato de guardar o dinheiro dos outros. É de uma ordem pessoal e segura que os bancos agem como fomentadores de uma economia de ordem privada, que passa a ter efeitos muito positivos na ordem pública, quando o exemplo da confiança se torna conhecido e distribuído a quem interessar possa.

4) É da confiança sistemática que nasce a liberdade bancária, o serviço de se servir e guardar o dinheiro em prol dos outros.

5) A liberdade bancária começa a se perverter em concentração bancária quando o serviço não se funda numa relação de pessoalidade, de modo a atender as necessidades do tomador de recursos, mas, sim, numa relação de impessoalidade, fundada na própria natureza da coisa. Quando a relação se recai sobre dinheiro, você está edificando uma ordem fundada no amor ao dinheiro, pois ele se torna o centro das atenções da sociedade, em vez de ser Deus a causa da edificação de tudo. 

6) A impessoalidade gera concentração de riqueza em poucas mãos, que tendem a manipular e a enganar as pessoas, fazendo com que a relação bancária se torne objeto de conflito e de permanente desconfiança, causando sérios problemas de ordem pública. E para se mitigar esse problema, investimentos em publicidade são feitos de modo a se economizar o tempo que vai se perder ao se tentar convencer um a um dos seus semelhantes, de modo a depositar o seu dinheiro no banco.

7) Além da impessoalidade e da publicidade, há a rivalidade entre os banqueiros, que concorrem entre si de modo a se ter o monopólio absoluto da economia bancária. E em muitos casos eles se associam ao Estado, de modo a terem o monopólio quase exclusivo da atividade, por conta da regulação.

8) É do amor ao dinheiro que se dá a progressiva impessoalidade da atividade econômica, dando causa ao processo de proletarização da sociedade. 

9) É da proletarização da sociedade que a relação bancária deixa de ser uma relação de confiança, fundada na conveniência, e passa a ser uma relação necessária, fundada no amor ao dinheiro, já que eles não confiam na forma como você vai gastar esse dinheiro ganho pelo suor do seu esforço.

10) Desnecessário dizer que o comunismo nasceu da parceria que se dá entre os bancos e a crescente concentração de bens em poucas mãos, criando uma economia de massa, impessoal.

11) Dessa concentração de bens em poucas mãos surge a estatização - onde tudo passa a ser do Estado. Ela nasce da impessoalização como sendo a ordem do dia - ela nasce do pragmatismo, em que o resultado é mais importante do que a satisfação que se dá aos clientes.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 11 de outubro de 2014.

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